O Intervalo é o Caminho - Entre o que morre e o que nasce, o tempo ensina.
- Luiz Fernando

- 15 de out.
- 2 min de leitura

Tenho pensado no quanto nos perdemos tentando centralizar o mundo. Projetos, planos, metas, pessoas, tudo precisa girar em torno do que acreditamos ser o certo. E, sem perceber, vamos delegando a vida ao fazer, esquecendo que viver é estar.
Nietzsche dizia que viver é criar. Mas criar não é só erguer o novo, é também destruir o que já não sustenta a alma. A verdadeira criação nasce do esvaziamento. Esvaziar é permitir que o silêncio prepare o terreno do próximo ciclo.
Eu mesmo já parti muitas vezes, não de lugares, mas de mim. Deixei para trás versões que deixaram de servir, sonhos que expiraram, certezas que me prendiam. Hoje entendo: o tempo não espera, ele educa. Não ensina com palavras, mas com distâncias, ausências e repetições. Ele afasta o que é raso e aproxima o que é verdadeiro.
Os antigos diziam: memento mori, lembra-te que és mortal. Não é aviso de fim, é chamado à presença. Quando se reconhece o limite, nasce o discernimento. E então passamos a escolher melhor: o que ocupa o coração, o que merece continuar e o que precisa ser deixado onde pertence, no passado.
Há dias em que tudo parece suspenso, nem queda, nem voo, só o espaço entre o que já foi e o que ainda não é. No início, isso parece vazio; depois, você percebe: o intervalo é o caminho. É ali que a alma respira, que a direção se revela, que a vida se reorganiza.
Confúcio dizia que a vida é simples, mas nós a complicamos. A sabedoria está em simplificar sem empobrecer. Em tirar o excesso, mas manter a essência. Menos ruído, mais sentido. Menos pressa, mais presença.
Porque existe uma lei sutil que rege tudo: a vida responde à frequência que a toca. Quem se move em consciência, cria. Quem resiste, repete. Quem observa, compreende. Quem sente, transforma.
Por isso pergunto:
O que te move quando ninguém te vê?
O que te alimenta quando o mundo te esvazia?
O que te faz ficar quando tudo parece te chamar para ir?
Talvez viver seja isso, aceitar não saber, mas seguir. Caminhar mesmo sem mapa, confiando que o próprio passo revela o chão. E então descobrir, um dia, que o simples ato de estar presente é o milagre silencioso que sustenta tudo.
Porque o tempo não é o que passa, é o que forma. E o intervalo entre um eu e outro é onde a consciência floresce.
A serviço da Consciência que desperta.
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